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Essa “lama” é responsável por proteger o meio ambiente

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Essa “lama” é responsável por proteger o meio ambiente





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Apresentando uma contribuição fundamental para a retenção de carbono, os manguezais são um dos ecossistemas mais importantes no combate às mudanças climáticas. E quando se trata da região amazônica, essa contribuição pode ser ainda mais significativa ao se considerar que o litoral que vai da Baía do Marajó, no Pará, até a Baía de São José, no Maranhão, guarda a maior faixa contínua de manguezais do planeta.





Coordenador do Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) Campus de Bragança, o professor Marcus Emanuel Barroncas Fernandes destaca que os manguezais contribuem em diferentes frentes para o equilíbrio do clima. A capacidade de retenção de carbono por esses ecossistemas é uma contribuição muito importante, mas não é a única.





“Os manguezais contribuem significativamente para o equilíbrio climático devido à sua capacidade de atuar como sumidouros de carbono, armazenando grandes quantidades de CO₂ em seus solos ricos em matéria orgânica”, explica.





“Esse ecossistema também protege toda a zona costeira contra a erosão, ajudando a mitigar os impactos de tempestades e aumento do nível do mar. Sua vegetação densa contribui para o ciclo hidrológico, regulando a umidade e a temperatura locais. Além disso, os manguezais ajudam a reduzir a acidez dos oceanos, promovendo a estabilidade dos ambientes marinhos”.





Segundo o professor, essas funções, ou serviços ecossistêmicos de regulação, fazem dos mangues um dos ecossistemas mais importantes no combate às mudanças climáticas. No que se refere à retenção de carbono, Marcus explica que os manguezais são reconhecidos como um dos ecossistemas mais eficientes neste serviço.





“Na costa amazônica os manguezais estocam em média mais de 600 Mg C ha-1 (seiscentas toneladas de carbono por hectare), que representam valores duas vezes superior àqueles das florestas de terra firme, na região amazônica. Essa capacidade deve-se à baixa decomposição da matéria orgânica nos solos inundados, os quais retém carbono em condições anaeróbicas”, explica. “Além disso, a biomassa acima do solo, como troncos e raízes, também armazena carbono. Por isso, contribuem sobremaneira para o equilíbrio do clima, e são relevantes para a mitigação das emissões globais de gases de efeito estufa”.





Nesse sentido, para que todo essa contribuição seja mantida, o professor destaca que é necessário conservar esses ecossistemas, o que exige a implementação de políticas públicas que restrinjam o desmatamento e incentivem práticas sustentáveis. Além disso, ele defende que também é necessário monitorar e restaurar áreas degradadas, promovendo ações como reflorestamento e recuperação de solos, e adotar programas de educação ambiental que consigam sensibilizar tanto as comunidades, quanto os gestores sobre a importância desses ecossistemas.





“Além disso, integrar os manguezais às estratégias de combate às mudanças climáticas e incluir comunidades locais no manejo sustentável aumentam a eficácia das ações. O fortalecimento da legislação e parcerias internacionais também são indispensáveis. Mas tudo isso só funciona se houver investimento, com financiamento de projetos socioambientais para os manguezais da região”.





Medidas que possam conservar e proteger essas áreas são fundamentais porque os impactos causados pela eliminação dos mangues vai além da perda do serviço prestado por eles, mas estão relacionados também à maior liberação de carbono na atmosfera. O professor Marcus Fernandes aponta que destruição dos manguezais libera grandes quantidades de carbono armazenado no solo, o que agrava o efeito estufa e contribui para a aceleração das mudanças climáticas.





Mais do que isso, a destruição dos manguezais também impacta na redução da biodiversidade marinha e terrestre, gerando consequências não apenas para o meio ambiente de maneira geral, mas para a própria segurança alimentar de dezenas de comunidades costeiras que dependem dos mangues para se alimentar. Há, ainda, o risco de aumentar a vulnerabilidade a desastres naturais, como inundações e tempestades.






“Aqui na região felizmente não temos esses eventos catastróficos, mas em outras regiões isso pode ser um ponto relevante para se pensar em políticas para a adaptação e prevenção a desastres. A perda desse ecossistema impacta a pesca artesanal, a proteção costeira e a regulação da qualidade da água. Além disso, a degradação afeta o equilíbrio ecológico e os serviços ecossistêmicos fundamentais que os manguezais nos fornecem”.






Quando se considera a presença desses ecossistemas na região amazônica e a relevância dos serviços prestados por eles, fica ainda mais evidente a importância de zelar por essas áreas. O professor Marcus Fernandes explica que toda a costa amazônica nos estados do Amapá, Pará e Maranhão é caracterizada por amplas planícies de maré e grandes estuários, o que favorece o desenvolvimento dos manguezais.





Em comparação com áreas de manguezal de outras regiões do mundo, os amazônicos encontram-se em uma boa condição de preservação. O professor destaca que estudos recentes mostram que ao longo das últimas três décadas quase não houve perda de área desse sistema. Apesar isso, Marcus alerta que os estudos também apontam para menos de 1% de perda de florestas de mangue por atividades antrópicas, especialmente nos estados do Pará e Maranhão.





O cenário evidencia a necessidade de vigilância constante. “Com certeza nossos manguezais amazônicos encontram-se em bom estado de conservação devido, tanto pela sua enorme extensão e pouca ocupação humana na região, muito embora sempre vão estar sob ameaças crescentes”, pontua.





“Apesar disso, a presença de áreas protegidas, como reservas extrativistas, tem contribuído para a preservação. Outro estudo mostrou que mais de 85% das áreas de manguezal nessa região amazônica encontram-se dentro de alguma unidade de conservação federal, estadual ou municipal. No entanto, é essencial fortalecer as ações de manejo sustentável e conservação para garantir sua integridade a longo prazo”.






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