Waack: Prisão é efeito colateral da politização dos militares
Discute-se se o instrumento da prisão preventiva se aplicaria ou não ao caso do general Braga Netto, que foi detido pela Polícia Federal no âmbito da investigação sobre um golpe de Estado, na qual ele surge como uma das figuras mais destacadas. Os argumentos do ponto de vista jurídico se dividem.
Braga Netto é o exemplo perfeito de como a lealdade política a indivíduos corrói as cadeias de comando, as hierarquias e produz resultados como os que o inquérito da Polícia Federal — mas não só ele — traz à luz.
Ao mais tardar, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro começou a chamar o Exército de “seu” Exército, tinha-se uma situação na qual se confundia o comandante em chefe das Forças Armadas (que é o presidente do país) com o líder de uma corrente política.
Um pedaço até dos altos escalões embarcou no projeto de governo e de poder — não só como integrantes de cargos públicos, mas, principalmente, como defensores de uma determinada corrente política.
Perdeu-se um pedaço significativo da cadeia hierárquica quando não se puniu um general que participara de um comício político, violando frontalmente os regulamentos do Exército. O resto, pode-se dizer, é consequência.
No final, prevaleceu contra aloprados fardados a postura legalista e correta do Alto Comando, que recusou-se a embarcar em qualquer aventura golpista. Mas o dano à instituição já tinha sido causado.
A politização das Forças Armadas é o contrário do profissionalismo que elas passaram a prezar tanto depois do regime militar de 1964.
Braga Netto é apenas mais uma lição, e bem conhecida. Mas que não podia ter sido esquecida.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Waack: Prisão é efeito colateral da politização dos militares no site CNN Brasil.
COMENTÁRIOS