Quais são os possíveis efeitos dos microplásticos no cérebro?
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Diferentes estudos já detectaram a presença de microplásticos em cérebros humanos. O mais recente deles, publicado no dia 3 de fevereiro na revista Nature Medicine, mostrou que amostras cerebrais tinham 50% mais nanoplásticos do que amostras coletadas oito anos antes.
“Os microplásticos estão no ar”, afirma Thais Mauad, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pesquisadora líder do estudo, à CNN. “Existem vários estudos, inclusive aqui de São Paulo, que mostram que há microplásticos no ar e dentro dos ambientes indoor. Inclusive, dentro de casa é o lugar em que mais há microplástico, porque estamos rodeados de plástico, seja na embalagem de comida, nas roupas, nos móveis e nos utensílios. Isso acaba liberando muito microplástico no ar e, com menor ventilação, a concentração das partículas é mais alta”, acrescenta.
Riscos à saúde estão sendo investigados
Outros estudos já identificaram microplásticos em diferentes partes do corpo além do cérebro, como artérias e pênis. As partículas também já foram encontradas em frutos do mar e outros alimentos.
No entanto, o impacto específico da presença de microplásticos nos cérebros humanos ainda está sendo investigado. “Existem estudos em animais que sugerem que os microplásticos são neurotóxicos, podendo induzir a alteração de comportamento”, explica Mauad. “Em pequenos animais, já foi demonstrado que as partículas de plástico podem causar alterações em células neurológicas, tornando-as mais propensas à inflamação”, acrescenta.
A inflamação em células neurológicas pode desencadear, a longo prazo, deficiências cognitivas e motoras, alterações de comportamento, lapsos de memória, confusão mental, problemas de fala e linguagem.
A pesquisadora ressalta, porém, que essa é ainda uma ciência em estágio inicial. Ou seja, os estudos ainda são primários e mais investigações sobre o assunto precisam ser realizadas, principalmente em humanos, para confirmar os efeitos negativos dos microplásticos na saúde neurológica.
“Os estudos mais recentes mostram que a associação mais forte entre microplásticos e saúde humana é a cardiovascular”, afirma Mauad.
Segundo um trabalho publicado em março de 2024 no The New England Journal of Medicine, nas pessoas em que as partículas foram encontradas nas artérias, o risco de ter um ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou, até mesmo, morrer, era 4,5 vezes maior, em comparação com quem não apresentava microplásticos nas artérias.
Outras consequências para a saúde humana derivada da exposição aos plásticos e seus aditivos incluem distúrbios endócrinos, diminuição da fertilidade e doenças cardíacas.
Tem como se prevenir?
Infelizmente, evitar a contaminação por microplásticos ainda é um desafio. “Pela via inalatória, é ainda mais complicado de evitar [a contaminação]”, afirma a pesquisadora.
Uma forma de minimizar o impacto, pelo menos em crianças pequenas, é evitar o contato dela com utensílios de plástico. “Nós sabemos que todas essas toxinas representam muito mais risco de causar efeitos em órgãos em desenvolvimento”, diz Mauad.
Segundo a professora, se você tem um bebê ou uma criança pequena em casa, é importante evitar que ela leve brinquedos de plástico na boca, e ficar atento às embalagens de alimentos oferecidos à criança.
Estudo: 0,5% dos cérebros humanos já podem ser microplásticos
Este conteúdo foi originalmente publicado em Quais são os possíveis efeitos dos microplásticos no cérebro? no site CNN Brasil.
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