Os criminosos acessam informações reais dos processos e fazem contato com as vítimas, se passando pelos advogados responsáveis. Para tornar a fraude mais convincente, utilizam fotos de escritórios de advocacia e até enviam documentos falsos que supostamente comprovam a liberação do dinheiro pela Justiça. O golpe ocorre no momento em que os criminosos pedem o pagamento de uma taxa para a liberação dos valores.

O delegado da DRCI, Humberto Mácola, explica que os golpistas utilizam dados verídicos e que há suspeitas de vazamento de informações.

“Essas informações elas são verídicas, elas existem. O processo existe, o valor existe, a causa existe, a ação existe. E muitas das vezes os valores inclusive são valores atualizados, corrigidos. Então é claro que a nossa linha de investigação mira também informações privilegiadas. Eventuais informações privilegiadas de setores internos do sistema. Então esses dados também podem ter sido colocados na dark web, deep web e isso tudo está sendo analisado”, contou.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que tem ciência do golpe e está tomando medidas para combatê-lo, incluindo campanhas de conscientização e reforço na segurança das plataformas jurídicas. O presidente da OAB-PI, Raimundo Júnior, alerta para sinais de fraude e recomenda que clientes confirmem diretamente com seus advogados antes de fazer qualquer pagamento.

“Há uma orientação básica: tomar cuidado com pedidos inesperados de pagamento, com justificativas também inesperadas. Aquele contato que não é esperado pelo cliente e mais, através de números ou canais que não são usuais dos respectivos escritórios de advocacia ou dos colegas advogados e advogadas. E ainda que haja esse pedido, que os clientes busquem sempre entrar em contato pessoalmente com aquele respectivo advogado antes que a fraude seja materializada”, frisou.

Advogados relatam prejuízos e desconfiança dos clientes

A advogada Noélia Sampaio relatou que cinco de seus clientes já caíram no golpe, com alguns chegando a realizar transferências para os criminosos.

“Tive clientes no ano passado que fizeram transferências. A gente recomenda que a advocacia esclareça cada vez mais sobre isso aos seus clientes e registre os boletins de ocorrência. Pode acontecer do cliente achar que estamos pedindo ou mandando alguém do escritório fazer o pagamento”, detalhou.

O advogado Marcos Maciel contou um caso recente em que uma cliente fez um PIX de alto valor para os golpistas, acreditando que o pagamento era necessário para a liberação do dinheiro de um processo judicial.

“Minha cliente disse que estava na agonia e acabou realizando esse PIX por confiança no nosso escritório. Mas ela não observou que não era o número padrão, não era uma conta minha nem da pessoa jurídica do escritório. Infelizmente, ela fez o pagamento”, lamentou.

Como se proteger?

Para evitar cair no golpe, a advogada Heloísa Hommerding recomenda que os clientes fiquem atentos e sigam algumas diretrizes básicas:

“Recomendamos que verifiquem se os perfis são verificados, inclusive em redes sociais e no WhatsApp. Isso gera maior credibilidade. Para o público trabalhista, ou para quem está entrando com ação trabalhista ou até mesmo previdenciária, é muito importante entender que geralmente nesses processos o pagamento ocorre somente ao final. Não há necessidade de pagar nada para receber”, alertou.

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