Conheça os sintomas e os tratamentos da ciclotimia


O transtorno ciclotímico, também conhecido como ciclotimia, é uma condição caracterizada por frequentes mudanças de humor, divididas em episódios leves de depressão e hipomania. Segundo o Dr. José Guilherme Giocondo, psiquiatra da clínica Giocondo Tartari e mestre em Medicina e Neurociências, as oscilações de humor do distúrbio costumam durar cerca de dois anos em adultos e um ano em crianças e adolescentes.
Subtipo de bipolaridade
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a ciclotimia é considerada um espectro da bipolaridade, pois apresenta características semelhantes. Contudo, a psicóloga Ana Paula Manzolli, especialista em relacionamentos, família, atendimento infantil, distúrbios do sono e psicopatologia clínica, explica que, diferentemente dos tipos 1 e 2 do transtorno bipolar, o transtorno ciclotímico apresenta oscilações de humor mais brandas, mas por mais tempo.
Além disso, o Dr. José Guilherme Giocondo acrescenta que a ciclotimia não apresenta a fase de mania contida nos tipos 1 e 2 da bipolaridade. Por outro lado, seus sintomas oscilam de forma rápida e têm um curto período de estabilidade.
Sintomas da ciclotimia
Os sintomas que envolvem a depressão e a hipomania da ciclotimia podem variar conforme o paciente. Contudo, Larissa Fonseca, psicóloga e doutoranda em ansiedade, estresse, depressão, sono e sexualidade feminina, relata que os sinais mais comuns nas duas fases são:
- Depressão: desmotivação; fadiga; pessimismo; baixa autoestima; alterações no sono e no apetite.
- Hipomania: excitação; impulsividade; autoestima elevada; aumento acelerado da fala.
Causas da ciclotimia
Assim como muitos transtornos mentais, a ciclotimia também não apresenta uma causa específica. Na verdade, ela é considerada multifatorial. Conforme o Dr. José Guilherme Giocondo, a condição pode envolver fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais. Nesse sentido, o profissional exemplifica cada um deles:
- Fatores genéticos: histórico familiar de transtornos de humor, especialmente bipolaridade;
- Alterações neuroquímicas: disfunções na dopamina, serotonina e noradrenalina;
- Fatores ambientais: estresse crônico, traumas emocionais e instabilidade na infância.
Relação entre ciclotimia e outras doenças
Segundo o Dr. José Luis Leal de Oliveira, psiquiatra na rede Kora Saúde, caso não seja tratada corretamente, a ciclotimia pode evoluir para bipolaridade, personalidade borderline, transtorno esquizofrênico ou esquizoafetivo. Além disso, pode aumentar o risco de dependência química ou outros distúrbios ocasionados pelo uso de substâncias químicas.
“A ciclotimia não só pode acarretar outras doenças, como é comum que ela venha acompanhada de outras doenças, como ansiedade e transtornos do sono”, acrescenta o psicólogo André Dória.

Diagnóstico do transtorno
A ciclotimia é diagnosticada de forma clínica, isto é, por meio da coleta de informações e avaliação do paciente. “O diagnóstico é realizado por um profissional de saúde mental com base nos critérios do DSM-5. É essencial uma avaliação do histórico emocional do paciente para descartar outras condições psiquiátricas que possam causar oscilações de humor semelhantes”, esclarece Ana Paula Manzolli.
O Dr. José Guilherme Giocondo acrescenta que o profissional de saúde também pode solicitar exames laboratoriais na intenção de descartar causas médicas secundárias que envolvam a oscilação de humor, como é o caso dos distúrbios da tireoide.
Tratamentos para ciclotimia
A ciclotimia não tem cura, porém pode ser controlada por meio de medicação e psicoterapia. No caso dos remédios, o Dr. José Guilherme Giocondo comenta que os estabilizadores de humor e os antipsicóticos atípicos (voltados para o tratamento da hipomania) geralmente são utilizados.
Em relação à psicoterapia, uma das mais indicadas é a Terapia Cognitivo-Comportamental, pois “ajuda a identificar padrões de pensamento disfuncionais e desenvolver estratégias para lidar com as oscilações de humor”, esclarece Ana Paula Manzolli.
Ademais, o transtorno pode entrar em remissão, gerando “maior estabilidade emocional, melhora nos relacionamentos interpessoais e maior estabilidade no trabalho e nos estudos. De modo geral, a pessoa passa a viver de forma mais tranquila e funcional”, pontua o psicólogo Alan Soares Kuchler.
Hábitos saudáveis são grandes aliados
Além de seguir as orientações psiquiátricas e psicológicas, para haver uma melhora no quadro ciclotímico é preciso investir em hábitos saudáveis. “Durante o tratamento é importante que o paciente tenha o sono regulado, pratique atividade física, evite álcool e drogas e mantenha uma rotina estruturada com horários regulados, pois ajuda na regulação do humor”, ressalta o Dr. José Guilherme Giocondo.
Ademais, Larissa Fonseca explica que uma alimentação saudável influencia na produção de neurotransmissores e no equilíbrio dos açúcares no sangue, o que impacta de forma positiva a química hormonal no cérebro, resultando na estabilidade emocional.
Importância da rede de apoio
Outro ponto importante para a melhora do transtorno ciclotímico é a rede de apoio. Conforme Alan Soares Kuchler, os amigos e familiares podem auxiliar por meio da validação emocional, da identificação de padrões e do incentivo ao tratamento.
“Na validação emocional, a rede de apoio, ao entender a ciclotimia e seus impactos, pode ajudar a pessoa a se sentir acolhida, reduzindo o isolamento e o sentimento de incompreensão, muitas vezes presentes. Já na identificação de padrões, auxilia na percepção das oscilações de humor, assim como na identificação de sintomas mais intensos. E, por fim, o incentivo ao tratamento ajuda o paciente a entender a importância de sua inicialização e continuidade”, detalha o profissional.
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